Nós – Ievguêni Zamiátin
A obra é apresentada em uma edição de luxo com texto traduzido direto do russo e duas leituras complementares. A primeira é uma resenha do livro escrita por George Orwell, autor de 1984, originalmente publicada na revista londrina Tribune em 1946. Orwell ressalta a ousadia política de Nós e indica alguns dos incontáveis aspectos em que Zamiátin inspirou Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Há também uma comovente carta enviada por Zamiátin a Stálin, pedindo para sair da União Soviética, onde todas as suas publicações estavam sofrendo perseguição política. “Se eu for verdadeiramente um criminoso que merece punição, não creio que mereça uma punição tão grave quanto a morte literária. Por isso, peço que essa sentença seja comutada pela deportação da URSS”, escreve.
Em suas páginas, o autor imaginou um governo totalitário chamado Estado Único que, supostamente pelo bem da sociedade, privou a população de direitos fundamentais como o livre-arbítrio, a individualidade, a imaginação, a liberdade de expressão e o direito à própria vida. Um mundo completamente mecanizado e lógico, onde as pessoas não possuem nomes, mas sim números, e o Estado dita os horários de trabalho, de lazer, de refeições e até de sexo.
A trama traz a história de D-503, um engenheiro que vive pleno e feliz (exatamente como ordena o grandioso Estado Único), mas começa a duvidar das próprias convicções ao conhecer uma misteriosa mulher que comete a ousadia de bular regras, e que o contamina com a doença chamada imaginação.
Solaris –Stanislaw Lem
Stanislaw Lem tornou-se um marco no gênero ao tratar de assuntos delicados, como traumas pessoais, inteligência humana e ciência, com uma grande carga emocional e psicológica envolvida. Ao longo das páginas, o autor conseguiu imaginar cenários vivos com maestria, descrever os empecilhos da comunicação com espécies alienígenas, retratar como a condição humana pode ser incapaz de lidar com o novo e o inexplorado sem causar destruição e ainda levantar discussões: o amor é uma projeção? Qual o lugar da humanidade no universo? Até que ponto as memórias formam uma identidade? E ele tece esses assuntos com uma escrita inteligente e irônica, um dos grandes trunfos da obra.
O livro traz a história do cientista Kris Kelvin, psicólogo que vai ao planeta Solaris para estudar um oceano vivo – e possivelmente inteligente – que cobre a sua superfície. Mas ao chegar na estação espacial, Kelvin encontra colegas de trabalho hostis e amedrontados. Logo ele descobre que esses respeitados cientistas estão sendo perturbados por estranhas aparições, que também começam a afetar sua própria percepção. O que ele vê são suas memórias mais obscuras e reprimidas, materializadas por obra de alguma misteriosa força atuante no planeta.
Piquenique na Estrada – Arkádi & Boris Strugátski
A cidade de Harmont está mudada. Desde que foi palco de uma das várias invasões alienígenas na Terra, o clima é de incerteza e medo. Os visitantes anônimos não se comunicaram com os terráqueos, e assim deixaram a humanidade com questionamentos aterradores. Nos locais onde eles estiveram, agora zonas proibidas, fenômenos perigosos continuam acontecendo. O trabalho ilegal de Redrick Schuhart, e de todos os outros stalkers, é invadir esse território para coletar e depois comercializar estranhos e misteriosos objetos trazidos de mundos distantes.
Publicado pela primeira vez em 1971 na União Soviética, Piquenique na Estrada mistura alusões à Guerra Fria e reflexões sobre a insignificância humana. Adaptado para os cinemas no filme Stalker, de Andrei Tarkóvski, é um dos maiores clássicos da ficção científica no leste europeu. Traduzido direto do russo, e com o texto original escrito pelos Strugátski, esta edição traz duas leituras complementares: um posfácio escrito pelo próprio Bóris e um prefácio assinado por Ursula K. Le Guin, autora de A Mão Esquerda da Escuridão.
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